O dia do Rei

O dia do Rei

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O tremendão não para.

                                              foto-twitter do Marcelo

                                                    fonte odia
Lulu Santos detalha para Erasmo Carlos o show que faz hoje em homenagem a ele e ao 'Rei'
Rio -  Erasmo Carlos abre a porta de sua casa, na Barra da Tijuca, para o cineasta Neville d’Almeida e a jornalista Scarlet Moon, que traz a tiracolo seu namorado, um jovem guitarrista, um tal de Luiz Maurício Pragana dos Santos. Na reunião, no fim dos anos 70, acertam que o Tremendão fará a música-tema do próximo filme do diretor, ‘Os Sete Gatinhos’. Ao músico novato, é destinada a trilha-sonora incidental.
Cantores relembram os velhos tempos | Foto: João Laet
“A partir dali, o Erasmo se torna meu padrinho artístico”, recorda Luiz Maurício, mais conhecido como Lulu Santos, que celebra o auge desta amizade no show que faz hoje, no Vivo Rio, só com versões para os clássicos da dupla Erasmo e Roberto Carlos.
Em emocionante e histórico reencontro no mesmo jardim da casa do Tremendão, 33 anos depois daquela emblemática ocasião, os dois artistas bebem café, tocam guitarra e se derretem em elogios um ao outro. E senta porque, sob seus cabelos brancos, esses caras têm histórias para contar.
“Estou que nem maluco por causa desse show, cantando sozinho no avião, decorando um monte de músicas, porque faço questão de não colar nenhuma letra”, avisa Lulu. “Quando me convidaram para este projeto de covers, sugeriram que eu cantasse Beatles. Recusei, e disse que, para fazer um show como o que faço com meus sucessos, onde o público canta tudo do início ao fim, preferia fazer com a obra de um artista brasileiro, e aí tinha que ser Roberto e Erasmo”, detalha Lulu, que enfileira no espetáculo ‘Sou Uma Criança, Não Entendo Nada’, ‘Minha Fama de Mau’, ‘Festa de Arromba’ e por aí vai...
Ideia aceita pela produção, ele, entusiasmado, chegou até mesmo a adiar o lançamento de um novíssimo CD de inéditas e um box retrospectivo de sua carreira (saiba mais na página ao lado) para se dedicar à homenagem. “Vi um potencial muito grande neste show. O Erasmo é o cara que melhor representa a possibilidade de se fazer rock no Brasil”, define Lulu. “É um artista que, passam-se os anos, continua relevante, coisa cada vez mais rara por aí. A música brasileira já foi reconhecida internacionalmente por sua qualidade. Hoje, virou só uma dancinha com um refrão de duplo sentido”.
Erasmo Carlos fala menos que o verborrágico Lulu, mas não limita elogios para devolver o carinho: “Estou doido para ver essas releituras no palco, Bicho. O Lulu tem essa inquietude que sempre nos faz ficar curiosos sobre que caminho musical ele vai sugerir”, observa o veterano.
No encontro na casa do Erasmo, porém, é Lulu quem acena que vai seguir os passos do ídolo. “Me pedem muito para que escreva minha biografia, como o Erasmo já fez. Já comecei, vamos ver se consigo terminar”, anuncia. “Mas não esperem nada sobre os anos 80. Nunca tive essa década como principal na minha trajetória. Meu encontro com a música vem desde antes”, ressalta.
De fato, ainda nos anos 70 Lulu se excedia em arranjos pirotécnicos no grupo Vímana. Mas isso foi antes do tal primeiro contato com Erasmo Carlos. Ainda hoje, os dois se reencontram e conversam sobre discos e outras paixões como duas crianças. Mas que entendem tudo.
Brasil afora
O show de Lulu Santos relendo Erasmo e Roberto Carlos faz parte da série ‘Circuito Cultural Banco do Brasil’, que traz ainda Maria Bethânia (foto) cantando Chico Buarque, amanhã, no mesmo palco. Sandy estreou o projeto ontem, cantando Michael Jackson.
O projeto já passou por Curitiba, São Paulo, Ribeirão Preto, Goiânia, Recife e Belo Horizonte. Depois do Rio, segue ainda para Brasília, Porto Alegre e Salvador.
Novo CD
Era para já ter sido lançado, mas Lulu Santos resolveu dar um tempo para se dedicar ao projeto sobre Erasmo e Roberto e o novo disco de inéditas ficou para depois. Mas sai esse ano, garante ele, e em grande estilo. “Junto do novo lançamento virá uma caixa de quatro CDs, a minha primeira caixa, dessas retrospectivas, que reúnem parte da obra do artista. Vou lançar pela Sony, e quero que cada disco traga um tema: ‘Pista’, ‘Guitarra’, ‘Samba’ e ‘Acústicos’. O álbum de inéditas vai ter muita guitarra, mas não vai ser um disco estritamente de rock. E vai se chamar ‘Luiz Maurício’, isto é, meu próprio nome. Foi assim que surgi na carreira artística, quando, em 1980, lancei o compacto com a música ‘Melô do Amor’”, detalha Lulu Santos.
O atraso no lançamento não incomodou o artista. Muito pelo contrário, ele até comemora o acontecido, e explica o porquê: “Eu já gravei esse novo CD há um ano e meio, e esse é justamente o tempo suficiente para eu reavaliar o resultado com um bom distanciamento. Por exemplo: eu sempre odeio os meus discos quando os escuto um ano e meio depois. Essas novas gravações, não oucço há uns seis meses, e daí que agora vou reavaliar e ver o que ainda posso fazer para que fique o mais perfeito possível”.
Já Erasmo Carlos, depois dos discos ‘Sexo’ e ‘Rock ‘N’ Roll’, não planeja lançar um novo CD — seria o ‘Drogas’? — este ano. Mas, quem sabe ele dispara material novo com uma pequena ajudinha do amigo Lulu Santos? “Ele acaba de me prometer um riff de guitarra para eu colocar melodia e letra em cima”, comemora Erasmo.
Lulu garante que a parceria vai sair. “Prometi, não! Eu até já tenho esse riff pronto, vou mandar para você hoje!”, decreta ele.

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