O dia do Rei

O dia do Rei

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Entrevista á Play boy

1. Por que você resolveu lançar o single “Kamasutra” primeiro?É uma música forte que traduz realmente a filosofia que o disco quer passar. Eu disse para o pessoal: “Vou fazer um disco chamado ‘sexo’, escrevam o que vocês entendem sobre isso”. Porque sexo, na minha visão, não é somente pornografia. Então, falei com Adriana Calcanhoto, Nelson Motta, Chico Amaral, Liminha e cada um fez a sua visão do que é, não interferi em nada. E o Arnaldo [Antunes] me deu “Kamasutra”, como um presente.
2. E o que é sexo para você?Para mim, é uma necessidade. É a mola da minha vida.
3. Mesmo aos 70 anos?Claro. Aos 70, o sexo melhorou em qualidade. Agora, estou especializado. [Risos.]
4. Se fosse uma trilogia da sua vida, depois de “Rock ‘n Roll” e “Sexo”, qual seria o próximo disco?Com certeza, seria “Amor”. Porque essa é a grande razão de ser das pessoas. Eu acho engraçado associarem sempre o sexo e o rock’n’roll a drogas, porque as pessoas ficaram escravas da época em que foi lançado esse slogan. Elas pensam que isso é para sempre, mas não é. Os tempos mudaram, hoje as pessoas estão mais cultas a ponto de entender que as drogas não são tão boas assim.
5. Você acha que está faltando libido na música brasileira atual?Libido tem, o que está faltando é criatividade. Está muito técnica, tudo muito direitinho, bonitinho. Com isso, fica sem emoção.
Sexo (Coqueiro Verde) será lançado na primeira quinzena de agosto. Ouça a canção “Kamasutra”, produzida em parceria com Arnaldo Antunes.

1- Você se lembra da sua primeira impressão sobre Roberto Carlos?Eu o admirei muito porque ele cantava rock’n’roll, bicho, que era a coisa em que eu era vidrado. Ele cantou na minha casa com um violão de cravilha de pau que a minha avó me deu. Fiquei maravilhado, e nossa amizade nasceu nesse dia.
2- Não rolou estranhamento?
O que é isso, bicho? Estranhamento é coisa de fresco. O cara chegou lá, cantou, dei a letra que ele queria, o Hound Dog, do Elvis Presley. Ele ia fazer o préshow do Bill Halley e falou: “Apareça lá na televisão”. Foi ali que eu comecei.
3- A história do Simonal foi resgatada no documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei. Você era próximo dele?
Sim, a gente começou junto, no Clube do Rock, em 1958. Ele era secretário do Carlos Imperial e estava no Exército. Às vezes a gente emprestava camisa para ele cantar porque ele aparecia com a roupa militar. Era um artista fabuloso, criou seu estilo. Jamais me passou pela cabeça esse negócio de dedo duro. A índole do Simonal não era essa. Numa noite de bebedeira nos anos 1980, eu e o Sérgio Cabral pai chegamos a combinar um movimento para resgatar a credibilidade dele, mas infelizmente foi só um papo de bebedeira.
4- O que você chegou a fazer antes de ser cantor?
Naquela época ninguém era nada antes do serviço militar, e arrumar um emprego era difícil. Eu fui office boy, porteiro, trabalhei no almoxarifado de uma loja de lingeries, fui auxiliar de escritório, vendedor de botões… Quando fui pro Exército, já estava com música na cabeça.
5- Você está viúvo há 14 anos. Sexo é menos urgente na sua vida hoje?
Não é uma coisa imperativa agora. Mas deve haver, bicho, pelo menos uns 5 mil homens no mundo que não tiveram sua cota de sexo na vida porque eu tomei a cota deles. Então não tenho mais essa necessidade. Antigamente era uma prioridade; na época da Jovem Guarda, então, eu só pensava nisso.
6- Sente falta se ficar sem sexo?
Claro, acho que todo mundo sente. Hoje estou muito tranquilo, com a vida muito legal. Como eu quero. Eu tenho a rédea da minha vida. E, quando a necessidade vem, eu dou um jeitinho.
7- Você comeu mais de mil mulheres. A Wanderléa está na lista?
Não! Na Jovem Guarda era tudo donzelinha, 16, 17 anos, não tinha essa sacanagem que tem hoje. Acho até que elas tinham medo de mim, me achavam meio Shrek. Eu vinha da turma brava da Tijuca, comigo não era namorinho, comigo era pegada mesmo, e elas se assustavam, queriam contos de fadas. Eu nunca comi. As mulheres que eu comi vocês nunca vão saber. As atrizes, apresentadoras, cantoras… Tem mulher famosa pra caralho nessa lista. Não conto porque acho uma falta de caráter, pode causar um tumulto na vida da outra pessoa. E para quê? Só para me exibir? Isso é para quem precisa de autoafirmação, e eu, graças a Deus, não preciso mais disso.
8- Quantas capas da PLAYBOY você tem no currículo?
Ah, rapaz, tenho algumas. Não só capas, as que saíram lá dentro tem mais. Capas são mais selecionadas, tenho poucas, mas dentre as que saíram lá dentro tenho uma porção.
9- Mais de dez?
Mais, muito mais.
10- Uma menina de 25 anos na sua cama hoje o assusta?
Muitas me assustam pelo ímpeto que é muitas vezes errado. A manifestação que não é espontânea. A propaganda leva a uma imagem que não é bem a real. A menina chega e diz que é assim, que gosta disto ou daquilo. Qual é a qualidade que ela vai encontrar no homem que não vai descobrir as coisas dela? Coisas que às vezes estão embutidas, sexualidades que ela nem sabe que tem, que cabe ao homem descobrir. Se ela já vem com a bula, fica parecendo produto; não exponha à temperatura tal, não deixe ao alcance das crianças, sabe? Prefiro quando a gente descobre a mulher. Para a mulher, aquele homem que a descobriu passa a ser o máximo. Por isso, eu capricho muito na descoberta.
11- Parafraseando um verso seu e do Roberto, você já comeu muita coisa que não devia comer?
Já teve mulher que eu acordei de manhã, olhei e pensei: “O que é isso? Eu não posso mais passar perto do gole”. Por causa da feiura, bicho. Todo homem muito boêmio tem essas histórias.

12- Qual foi a maior quantidade de mulheres com as quais você já acordou?

Uns amigos se reuniam e levavam as mulheres para o apartamento, nunca passou de quatro casais, ou, às vezes, dois homens e quatro mulheres, variava muito. Mas a suruba não era tão desorganizada assim, todo mundo sabia de si. Não era nada irrefreável ou regado a álcool ou a drogas, era sexo puro.
13- Você acabou de passar por uma operação no quadril. O que não pode mais fazer na cama?
Nunca fui muito chegado a fazer trapézio ou jogar malabares com a mulher. Eu gosto de carícia, pele com pele, boca com boca, encaixe com encaixe, côncavo e convexo. Não tem esses malabarismos, não. Fantasias eu já realizei quase todas. E nunca tive essas fantasias com roupinha de estudante. É mais com perigo, em público, com gente passando, o risco de alguém pegar. Dentro de carro, elevador, avião… Avião é difícil pra caramba. E o meu não foi no banheiro, não, foi no assento, num voo para a Europa.
14- Já ouviu música sua no motel?
Eu não gosto de ouvir música em português no motel porque me distrai, rapaz. Em inglês eu não entendo, pode tocar, instrumental eu gosto, mas em português fico prestando atenção na letra. E a letra me atrapalha. Mas não tenho muita música moteleira; as que ouço geralmente são com o Roberto cantando. Aí eu digo: “Porra, Roberto, aqui no motel, não… Cala a boca, Roberto, me deixa foder em paz!”. E desligo.
15- Nos anos 1960, os whiskies falsificados deviam dar uma dor de cabeça desgraçada, não?
Mas aí emendava no dia seguinte. O mau do viciado é esse: rebater no dia seguinte e continuar. Mas só era whisky vagabundo para quem não tinha dinheiro para comprar o bom, e eu sempre tive. Nos anos 70, surgiram os contrabandistas de whisky, que me vendiam para ter em casa, e com isso comecei a beber em casa. Comprava altos whiskies; só vinha do bom.
16- Hoje você tem uma marca de whisky preferida?
Não, porque show avacalha muito. Você vai fazer show por aí e bebe qualquer whisky. Hoje eu bebo vodca, pura e com gelo; não gosto com limão.

17- Você ainda é bom de briga?

Não sei porque nunca mais tentei. Eu tinha disposição, batia e apanhava, mas nem lembro mais da última vez que briguei, é coisa do passado. Eu me considero um pacifista, mas não gosto que confundam pacifista com covarde. Acho que tudo é possível com diálogo, mas, se tiver de partir pra briga, vou ter de partir, e o resultado eu não sei.
18- Você chegou a ter problemas quando andava armado?
Não era irreal andar armado antigamente, não era o pecado que é hoje. A gente saía dos shows com sacolas de dinheiro, pegava estradas desertas, era complicado. Mas só usei a arma uma vez. Eu sou Vasco e, quando cheguei a São Paulo, o Carlos Imperial me disse que lá eu seria palmeirense. Inclusive o time do Ademir da Guia era chamado de Os Tremendões. Uma vez que o Palmeiras foi campeão, não me lembro quando, dei uns tiros no quintal de casa. Os vizinhos deram parte, e eu fui na delegacia explicar. Foi a única vez que dei tiro assim.
19- Em 1980, você disse à PLAYBOY que ainda era 20% machista. Esse porcentual diminuiu?
Acho que 10% eu sou um pouco ainda, bicho. Se eu ficar “Ah, não sou machista“, eu viro viado. Luta livre de mulher, por exemplo. É masculino aquilo, não é nem do feitio da mulher lutar, não se encaixa no universo feminino. Não é nem preconceito, são coisas da natureza. Eu aceito o futebol feminino, mas não gosto, porque futebol é bravo, você vê a violência, os carrinhos que os caras dão. A mulher já não pode matar no peito legal, fica limitada. Mulher é para ser acariciada, não é para levar porrada.
20- Você gosta de ver vale-tudo?
Gosto pra caramba. E sou assinante dos canais de luta, de futebol e de pornô. Quem não gosta de ver filme pornográfico? Todo mundo gosta. Ver uma coisinha assim antes da relação é sempre bom. Quando eu era menino, a gente se excitava com cadáver em revista de ciência porque era o que tinha para ver. Os filmes me excitam mais quando não são tão explícitos. Dez horas de felação, câmera que vai lá dentro da mulher, isso não me excita, bicho. Não digo nem o enredo, porque às vezes tem muita falação e demora para vir a cena; eu digo sexo explícito mesmo, mas de uma outra forma, mais light talvez.

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